quarta-feira, 17 de março de 2010

Metade de mim é saudade e a outra metade também

Nunca pensei que saudade doesse tanto. Agora entendo perfeitamente quando alguém dizia a expressão “saudade dói”. Sinto saudade das longas conversas com minha mãezinha (sempre fomos tão amigas!); sinto saudade do silêncio do meu pai (sempre sério, homem de poucas palavras); sinto saudade dos risos quase incontroláveis das minhas sobrinhas, principalmente quando elas queriam alguma coisa e se dirigiam a mim com um “titia” em coro, dito com tanto carinho; sinto saudade dos meus irmãos e cunhadas, sempre tão imersos em suas correrias cotidianas; Ahhh... sinto saudade da Cherry, minha fofuxa, de quando ela segurava uma bolinha com a boca e ficava perto de mim me “convidando” a brincar com ela; Ah, Deus... sinto saudade de tanta coisa!

Tenho vivido um paradoxo. Saudade da minha família por um lado, mas uma satisfação enorme por estar aqui, pois a minha realização vai muito além da profissional. Pena que nem sempre se pode ter tudo o que deseja. Queria minha família aqui, pertinho de mim. Queria passar as tardes brincando com minha Cherry, queria ver o amore nos finais de semana, queria encontrar os amigos da igreja, queria... queria... queria...

Sinceramente, admiro pacas quem se muda pra outro país e o faz, na maioria das vezes, sozinho(a). Fico pensando na Flávia Devathai e na Jarid que foram pra Índia. Meu Deus! São mudanças demais. Aliás, no caso delas, tudo, simplesmente tudo é mudança. Eu poderia tentar listar um monte de coisas: comida, dinheiro, roupas, nova família e amigos, costumes, trabalho, ruas... Mas, certamente, a minha listinha estaria longe de alcançar a realidade que elas encontraram no outro lado do planeta. Acredito que é deixar metade de si pra trás, pra encontrar a outra metade lá. É deixar uma, para que a outra possa viver. Deus! Que escolha tão difícil!!!

É claro que no meu caso, é bem mais fácil. Só estou em outro estado, aliás, vizinho do meu Goiás (até rimou, hihihi). Aqui se fala a mesma língua, com poucas diferenças de vocabulário e sotaque. Ainda não percebi diferenças na comida. Só o trânsito que é uma loucura. Aliás, diga-se de passagem, acho mesmo que o povo daqui assistiu muito “Caminho das Índias” e os motoristas estão tentando ter um trânsito igual. Jesus amado! Não me atrevo a dirigir aqui, pelo menos não por enquanto.

Já fiz algumas amizades, e se não fosse pelos amigos que fiz aqui, tudo isso estaria sendo quase insuportável. São tão doces comigo, saímos, conversamos e rimos muito.

Alguns me dizem que foi loucura eu vir pra cá, um lugar tão longe da família. Penso que acreditam que aqui é só mato (hihihi...). Mas isso aqui está bem longe de ser só mato. E acredito que nem é o fim do mundo como me falaram. Só é um lugar longe, quando a referência é minha cidade natal.

Teve aqueles que disseram que minha vinda pra cá foi uma tentativa de me refugiar, de me esconder de alguma coisa, do meu passado talvez.

Outros, todavia, falam que me admiram pela coragem de deixar tudo pra trás e ir em busca de um sonho, independente de onde ele esteja.

O que é, afinal? Sei lá. Por enquanto, posso afirmar que sou apenas eu, Rejane, tentando viver sem medo de errar. Em tempos de outrora, o medo me prendeu muito, me impedindo de viver muita coisa. Só queria me libertar desse bicho-papão que tanto já me apavorou.

Hoje percebi certa melancolia no ar. Lembrei-me de uma música/poema de Oswaldo Montenegro e acho que é a que melhor me define neste momento.

Fikadica! ;)


Metade

Composição: Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que [o homem] que eu amo seja pra sempre amad[o]
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um[a] [mulher] inundad[a] de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

5 comentários:

  1. Olá Amiga,

    Sabe o que é bom em tudo isto, pelo menos assim percebo, é que os sonhos de DEUS estão sendo realizados em tua vida, em detrimento dos teus sonhos deixados pra traz.

    Abraços!
    Deus te abençoe e dê forcas.

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  2. Sei sim como a distância doi e a saldade aperta amor mas sabemos que os planos de Deus em sua vida, e assim Descansar nele e ele suprira as nececidade do seu coração e de seu corpo material...

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  3. Oi, minha amiga.

    Como estão as coisas por aê. Muitas saudades, né? Posso imaginar. Ficar longe de tudo q estávamos habituados a ter perto de nós, gera mesmo essa falta.Mas são os sonhos do coração de Deus sendo rea lizados em sua vida e ele sempre vai suprir essa falta e saudade de todos que você ama.

    Um beijo enorme de carinhoso pra vc.
    Fica com D-us.

    Beijaaaço!

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  4. Ah, vc é linda! A saudade realmente dói mas as experiências nos fazem tão bem... Beijo grande de quem muito torce por ti.

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  5. Pensando um bom comentário... Abraços...

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